terça-feira, 24 de agosto de 2010

A poluição e o tráfego podem causar diabetes

A poluição atmosférica urbana – especialmente as partículas e gases liberados no ar graças ao tráfego de veículos pesados – podem aumentar o risco que uma pessoa tem de desenvolver diabetes tipo 2.




O estudo alemão, se confirmado, demonstra que a poluição representa um fator de risco potencialmente modificável para o distúrbio metabólico.



Mas como a poluição leva à diabetes? Ela provoca inflamações crônica de baixo nível. Embora possa ser uma resposta normal do organismo a uma infecção, a inflamação crônica pode danificar os tecidos e exaurir o corpo. Vários estudos têm relacionado poluentes inflamatórios com diabetes, mas nunca, como no estudo recente, em participantes saudáveis.



Os pesquisadores analisaram dados de 1.775 mulheres, todas com cerca de 55 anos e saudáveis quando entraram pro estudo. Ao longo do período, vários marcadores de inflamação foram medidos nas mulheres, principalmente o fator C3, ou C3c, que é uma proteína produzida pelo fígado em resposta à infecção ou outras fontes de inflamação.



O novo estudo também reuniu dados sobre a poluição a qual as mulheres tinham sido expostas. Em alguns casos, as concentrações foram medidas diretamente, por exemplo, através de estações de monitoramento do ar urbano; em outros casos a poluição do ar foi deduzida (com base na distância entre a casa de uma mulher e a estrada de tráfego intenso, por exemplo).



Ao longo do estudo, 187 participantes desenvolveram diabetes tipo 2. Quanto mais poluição uma mulher enfrentou, maior era sua chance de desenvolver diabetes. No entanto, as concentrações sanguíneas de C3c pareceram desempenhar um papel importante em sua vulnerabilidade. Na verdade, observam os pesquisadores, na maioria dos casos um risco elevado de diabetes tipo 2 era presente em mulheres com C3c alto no início.



Os pesquisadores afirmam que é “biologicamente plausível” que os poluentes do ar provoquem uma resposta imunológica no pulmão que depois se espalha para outras partes do corpo e torna-se aparente em níveis cronicamente elevados de marcadores pró-inflamatórios na circulação. Essa inflamação crônica pode também criar um ciclo vicioso, tornando pacientes afetados pela poluição do ar cada vez mais vulneráveis.



Quando mais poluída a região, o risco de diabetes aumenta cerca de 15%. No entanto, essa ligação só é válida para os participantes mais modestos. Participantes ricos que vivem em ruas movimentadas não mostraram vulnerabilidade semelhante à diabetes.



Os pesquisadores imaginam diversas razões; eles podem escolher apartamentos com janelas diferentes, que mantêm a maior parte da poluição fora do ambiente interior de suas residências. Ou eles podem usar ar condicionado no verão, e podem ter vivido em andares superiores de edifícios altos, bem acima da poluição. Também são mais propensos a ter um carro, que lhes permite evitar andar a pé na rua, o que de fato exagera a exposição ao tráfego, entre outras coisas.



Se a relação entre poluição e diabetes for confirmada, poderia ajudar a explicar porque a doença é mais frequente em áreas urbanas do que rurais. No passado, os elos entre urbanização e diabetes tinham sido atribuídos em grande parte às mudanças de estilo de vida das pessoas, como dieta e atividade física. [ScienceNews]

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