quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ilhas de lixo nos rios ameaçam usina hidrelétrica na China

É inegável que o progresso dos países industrias gera lixo, mas nesse caso o lixo é tanto que está atrapalhando o progresso de um país industrializado. O país, nesse caso, é a China, e as imensas ilhas de lixo que se formaram ao longo do curso do Rio Yang-Tsé (conhecido por aqui com Rio Azul) ameaçam a segurança da Hidrelétrica de Três Gargantas.
Inaugurada por completo em 2006, a gigantesca usina roubou da nossa Itaipu Binacional o título de maior do mundo, em termos de potência momentânea máxima (a média de energia anual produzida por nós ainda é maior). Mas toda essa imponência está sendo colocada em risco por um problema bem conhecido do Brasil também: ao longo dos anos, foi lançado tanto lixo no rio Yang-Tsé, que os dejetos se uniram em gigantescas ilhas, sobre as quais é possível caminhar.
O jornal China Daily foi taxativo: diariamente, 3.000 toneladas de lixo são despejadas no rio, e todo esse material pode facilmente bloquear alguma eclusa da Usina de Três Gargantas e causar uma catástrofe.
Nas últimas semanas, a situação se agravou e ficou alarmante devido à época de chuvas. Em alguns pontos próximos à margem do rio, a chuva torrencial arrastou outros dejetos como galhos de árvore, pedras e grandes quantidades de lixo que estavam em terra firme para dentro do rio. Mesmo sem isso, o custo que os chineses tinham anualmente para manter a limpeza (ou a falta dela) em um nível aceitável era 1,5 milhões de dólares (que equivalem atualmente a cerca de 2,64 milhões de reais). Mais de 150 milhões de pessoas (cerca de 10% da população chinesa) vivem em áreas próximas à barragem, e na maioria das cidades não há coleta de lixo adequada.
Os dejetos abrangem uma área de cerca de 540 mil metros quadrados e têm cerca de dois metros de espessura. Em alguns pontos, a camada é tão densa que as pessoas podem caminhar sobre ela, e caminham. Milhões de trabalhadores em pequenas barcas tiram o seu sustendo das ilhas flutuantes, coletando matérias como plástico, vidro e isopor, para vendê-los a preços miseráveis.
A direção da Usina decidiu por si própria começar a recolher o lixo, ou parte dele. Por ano, são retirados entre 5 milhões e 7 milhões de metros cúbicos. No ano passado,essa quantia foi de 5,6 milhões, que teriam chegado à barragem se não fossem recolhidos, segundo um relatório apresentado ao China Daily. Esse projeto de retirada de dejetos custou 37,5 milhões de dólares (algo em torno de 64 milhões de reais) aos cofres da Usina no ano passado. Ao ser construída, a Três Gargantas forçou a mudança de endereço de 1,3 milhões de chineses, devido às áreas inundadas.
E os malefícios desse lixo, obviamente, não se concentram apenas no risco de entupimento da barragem. O Yang-Tsé está seriamente contaminado e continua servindo para o consumo de imensas populações que não têm acesso a tratamento de água. [PopSci]

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